sábado, 19 de novembro de 2011

MÉTODO ROOD: NOVOS DESAFIOS. (METHOD ROOD: NEW CHALLENGES).

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

O método de estimulação sensório-motora de Rood é fundamentado na teoria Hierárquica do controle motor, baseada na idéia de evolução ontogenética do sistema nervoso. Deste modo, Margareth Rood classificou os neurônios e terminações nervosas em uma ordem escalonada conforme o tipo, a localização, a resposta que produzem, seus neurotransmissores, etc. Então, ela propôs que a estimulação sensório motora deve obedece a uma sequência neuroevolutiva dos estímulos (Esteroceptivo, proprioceptivo e volitivo), e um de seus princípios diz que se deve regular previamente o sistema nervoso autônomo, a partir de uma estimulação sensorial específica, sempre que as disautonomias interferirem nas respostas motora do sujeito, por exemplo: espasmos, picos hipertensivos, taquicardias, rebaixamento do nível de consciência, dentre outras.
Com base nestes conceitos, Rood relata algumas regras para a estimulação sensorial, dentre elas destacam-se:
1-           estímulos rápidos e repetitivos, que provocam respostas motoras tônicas e, dependendo da área corporal, podem ativar o sistema nervoso simpático, cujas fibras são “adrenérgicas”;
2-           estimulação lenta e rítmica, que provoca uma  inibição mental e muscular, ativando as fibras nervosas “colinérgicas” do sistema nervoso parassimpático.
Além da freqüência dos estímulos, Rood descreveu pontos corporais (dermátomos e miótomos), e formas de incitação (tátil ou térmico) específicas para as diferentes respostas autonômicas (simpáticas e parassimpáticas). 

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO    FONTE: http://www.fraternidaderosacruz.org/sna_s_e_p.jpg


Percebe-se, com esta narrativa, uma singular importância deste método para a fisioterapia neurointensiva, que atuará junto ao paciente neurológico agudo, grave, com prováveis alterações hemodinâmicas, de níveis de consciência, de pressão intra-craniana, dentre outras.
O coma, por exemplo, nos pacientes críticos, pode estar relacionado à própria injúria neurológica; ou pode ser induzido, quando o indivíduo encontra-se sedado, de, cujas finalidades são: facilitar o gerenciamento da ventilação mecânica, se for o caso; ou mesmo para proteger o sistema nervoso de eventuais injúrias secundárias. Entretanto, o rebaixamento dos níveis de consciência destes pacientes por tempo prolongado obsta substancialmente a sua recuperação, tanto do ponto de vista neuro-motor, quanto respiratório, e o fisioterapeuta neurointensivista, neste caso, pode atuar utilizando técnicas de Rood específicas para a ativação do sistema nervos simpático, que vão melhorar os níveis de prontidão deste paciente, acelerando o seu despertar após a sedação ter sido suspensa.
A estimulação simpática de Rood também pode produzir efeitos cárdio-vasculares, aumentando a pressão arterial e a freqüência cardíaca do sujeito, e pode ser utilizada, por exemplo, em pacientes instáveis, que mesmo fazendo uso de drogas vaso ativas, fazem bradicardia durante as manipulações da enfermagem, as manobras da fisioterapia respiratória e, sobretudo, durante a aspiração. Como os efeitos da estimulação simpática duram no máximo 3 minutos, o método deve ser aplicado e o paciente manipulado logo em seguida.
Outras técnicas específicas de Rood ativam o sistema nervoso parassimpático, o que provoca uma queda na pressão arterial sistêmica e a redução da frequência cardíaca. Importantíssimo para serem, por exemplo, aplicadas previamente às manobras de fisioterapia respiratória ou motora nos pacientes com AVC, traumatismo crânio encefálico, hidrocefalia, dentre outras doenças as quais, principalmente na fase aguda, apresentam hipertensão craniana; em pessoas com síndrome de Guillain Barré, que têm frequentemente crises de disautonomia, com taquicardia e picos hipertensivos, dentre muitas outras situações clínicas.
Apesar de ter sido “criado” há mais de cinqüenta anos, de toda a descrição neurofisiológica feita por Margareth Rood, e de suas excelentes respostas clínicas; os efeitos autonômicos e neuromusculares do método ainda não são comprovados por falta de evidências obtidas em pesquisas científicas. Destarte a riqueza de informações que o método apresenta, muitos profissionais desconhece-no, ou só o utilizam, muitas vezes inadequadamente, para estimulação motora de pacientes crônicos com lesões nervosas periféricas.  É preciso, pois, ousar, investigar, desbravar novos caminhos, atualizar os conceitos, enfim, transformar em ciência a arte de tratar.


REFERÊNCIAS:
Downie, Patrícia A. Cash: Neurología para fisioterapeutas. 4ª. Buenos Aires : Panamericana, 2006.
Gardiner, M. Dena. Manual de terapia por exercícios. São Paulo : Livraria e editora Santos, 1986
 Medeiros, Gleidson Franciel Ribeiro de: Guia Ilustrado de Cinesioterapia Neurológica Básica, Natal: Casa do Cordel, UFRN, 2011.
Stokes, Maria C. S. P. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Premier, 2000.


COMPLEMENTE ESTA LEITURA COM O GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA: DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS. (kinesiotherapy neurological: the origins to our days)


GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

 O tratamento e cura das doenças neurológicas são grandes desafios para o homem, desde os tempos mais remotos. O relato mais antigo sobre este assunto é datado da época do Antigo Egito: O Papiro Cirúrgico de Edwin Smith de 1660 a.C. que consiste em um manuscrito com 48 ocorrências, citando aspectos clínicos e rituais terapêuticos, entretanto, para os casos neurológicos, os egípcios não previam tratamento, nem esperança de cura.

Papiro de Edwin Smith. FONTE: http://historiadelamedicina.org/blog/2008/04/21/el-papiro-de-edwin-smith/


No avançar dos séculos, chegando à antiguidade cristã, a correlação entre doença e pecado tornou-se cada vez mais forte e, eram realizadas verdadeiras cerimônias de “cura e libertação” pelo cristianismo nascente, atraindo muita gente que buscava alívio de seus penares ou um milagre “... levanta-te e anda!”.
Com o surgimento do pensamento moderno, que trouxe como características: o antropocentrismo, o tecnicismo e o cientificismo; surge a necessidade de se descobrir novas respostas, novos caminhos, novas curas, enfim, novas verdades. E, em meio a este cenário, os profissionais de saúde começam buscar explicações lógicas para as doenças, suas causas e, consequentemente, sistematizarem os “rituais” de tratamento. Contudo, ainda havia uma grande celeuma no tocante às doenças neurológicas.

O homem Vitruviano. Leonardo da Vinci (retrata o antropocentrismo modernista). FONTE: http://huxley-gilmour.blogspot.com/2010_04_01_archive.html


No século XIX, o suíço Dr. Frenkel propõe um programa de exercícios para o treinamento de pacientes com ataxia sensitiva. Usando princípios mais pedagógicos que clínicos, os exercícios de Frenkel marcam certo avanço no tratamento das doenças do movimento humano, causadas por transtornos neurológicos; contudo, ainda restava um vazio a ser preenchido: o tratamento das pessoas com paralisia. 

Circuitos para treino de marcha atáxica com Exercícios de Frenkel. FONTE: Do autor - Direitos autorais reservados


Sedentos por respostas, os ávidos olhares da neurologia do século XX, ingressam em uma nova era de descobertas e de esperanças, fundamentada em conceitos de neurofisiologia, pelos quais os tratamentos não mais se limitariam em reeducar movimentos inadequados, mas, seria possível também, estimular o surgimento de contrações musculares e movimentos outrora perdidos. Para isto, propuseram-se as técnicas cinesioterapeuticas de estimulação, facilitação, inibição e reeducação, que se agrupariam para formarem os métodos de cinesioterapia neurológica.
As teorias de controle motor somaram-se ao arsenal teórico dos estudos referentes motricidade humana e, por volta da década de 40, Herman Kabat, estudando a fisiologia da contração músculo-esquelética, encontrou na excitação do fuso muscular, a resposta para se potencializar as contrações fracas de músculos paralisados. E propôs, à luz da teoria reflexa do controle motor, um método terapêutico de Facilitação Neuromuscular, baseado na excitação Proprioceptiva do fuso muscular, a partir do estímulo de estiramento.
As idéias evolucionistas de Darwin também influenciaram os conceitos da cinesioterapia, que a partir da década de 50, se apegou à teoria Hierárquica do controle motor (As estruturas do sistema nervoso estão escalonadas, de modo que as superiores comandam as inferiores), e surgiram no universo científico-profissional, os métodos neuroevolutivos, baseados em conceitos do desenvolvimento ontogenético (Rood) e da maturação do sistema nervoso (Bobath), dentre outros.

Imagem representando o processo de corticalização durante a evolução da espécie humana, trazendo como consequência a sua verticalização. FONTE: Adaptação do autor.
 
ROOD EM PACIENTE CRÍTICO (UTI). Utilizando-se crioestimulação (atadura úmida gelada) e técnica de estimulação da mobilidade, na primeira postura ontogenética (supino). FONTE: Do autor. Direitos autorais reservados.

 Na década de 80, a biomecânica agrega esforços na fundamentação dos métodos e, as novas descobertas acerca da plasticidade neural fazem os estudiosos despertarem para uma nova teoria do controle motor, a Heterárquica, segundo a qual o sistema nervoso está totalmente interligado, formando uma verdadeira rede neural. Esta, também chamada “teoria dos sistemas”, defende a reabilitação neurofuncional a partir das técnicas de reeducação motora e fundamenta alguns métodos modernos, dentre eles, o Programa de Reaprendizagem Motora de Carr & Shepherd.
A cinesioterapia contemporânea aponta seus caminhos para uma realidade cada vez mais ampla e de conceitos mais precisos. Hoje, incluem-se no rol de saberes ligados a esta ciência: a cibernética, a robótica, a realidade virtual, dentre outros; que marcam o surgimento de uma nova proposição para o controle motor. A teoria ecológica, na qual ambiente e sujeito deixam de ser entendidos como duas realidades que se integram pelas sensações; para formarem um só sistema, cujos componentes são vinculados pela consciência, pela percepção e pelas abstrações da imaginação; poderosas ferramentas na plasticidade do cérebro.

Cérebro. FONTE: http://sophiaofnature.files.wordpress.com/2011/06/braingd.jpg


REFERÊNCIAS:

Carr, Janet e Shepherd, Roberta. Programa de reaprendizagem motora para hemiplégico adulto. São Paulo : Manole, 1988.

Downie, Patrícia A. Cash: Neurología para fisioterapeutas. 4ª. Buenos Aires : Panamericana, 2006.

Gardiner, M. Dena. Manual de terapia por exercícios. São Paulo : Livraria e editora Santos, 1986

Knott, Margareth e Voss, Dorott E. Proprioceptive neuromuscular facilitation, pattems and tech-niques. 2ª. New York : Harper and Row, 1968.

Stokes, Maria C. S. P. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Premier, 2000.

Tuoto, E. A. "Papiros Médicos Egípcios." In: História da Medicina by Dr Elvio A Tuoto (Internet). Brasil, 2010. Consulta em [dia, mês, ano]. Disponível em: http://historyofmedicine.blogspot.com/2010/05/papiros-medicos-egipcios.html


http://huxley-gilmour.blogspot.com/2010_04_01_archive.html

http://sophiaofnature.files.wordpress.com/2011/06/braingd.jpg 

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

EXAMES RADIOLÓGICOS NA PRÁTICA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E NEUROINTENSIVA – PARTE 4: (Radiologics exames on neurologic and neurointensive phisioterapic pratice– Part 4)


GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

A Tomografia Computadorizada (TC), e a ressonância Magnética (RNM), são atualmente exames de excelência no diagnóstico complementar de diversas enfermidades do sistema nervoso: doenças cerebrovasculares, traumatismos crânios-encefálicos, neoplasias, malformações congênitas e leucopatias. Neste texto, contudo, serão discutidos os aspectos tomográficos (TC), das disfunções cerebrovasculares, as quais podem se classificar primariamente em Hemorrágicas e isquêmicas.
As hemorragias acontecem quando há a ruptura de algum vaso sanguíneo responsável pela irrigação de certa área do cérebro. Elas podem surgir por ocasião da hipertensão arterial, atingindo as áreas da cápsula externa, tálamo, putâmen e ponte; também pela ruptura de aneurismas, geralmente localizados na artéria cerebral média, na artéria cerebral anterior ou no topo da carótida interna; podem acontecer também por rompimento de malformações arteriovenosas, causando sangramentos intracranianos; ou mesmo por um AVC isquêmico reperfundido, fato comum e de alta gravidade; pela hipertensão craniana decorrente dos traumas crânios-encefálicos; pelas neoplasias; dentre outras causas. Um aspecto importante a ser observado nos exames tomográficos, em caso de hemorragias, é a presença de área hiperdensa envolta por zona hipodensa (na fase aguda); e a presença de zona hipodensa ou normal (na fase crônica).
Outra forma de classificar uma hemorragia cerebral é com relação ao sítio do sangramento. Na tomografia computadorizada, pode-se identificar a hemorragia epidural, quando o sangramento acontece entre a calota craniana e a dura-máter, assumindo-se um aspecto biconvexo com discreto efeito de massa sobre o parênquima cerebral; a subdural, quando acontece entre a dura-máter e a aracnóide, assumindo um formato de lua crescente, também com discreto efeito de massa sob o parênquima; a subaracnóide, quando o sangramento ocorre entre a aracnóide e a pia-mater, assumindo um aspecto invaginante pelos sulcos, fissuras e cisternas; a intraparenquimatosa territorial, quando atinge uma área extensa, referente à determinada artéria cerebral; e, finalmente, a hemorragia intra-ventricular, que decorre da contigüidade das lesões hemorrágicas intraparenquimatosas.
 FIGUA 1: TC de crânio mostrando uma hemorragia epidural extensa. Note o formato biconvexo.
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados


FIGURA 2: TC de Crânio mostrando uma hemorragia intraventricular não drenada, em fase aguda. Observe a área hiperdensa envolta por uma zona hipodensa.
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados

Quando há alguma obstrução do fluxo sanguíneo para determinado território cerebral, tem-se a disfunção isquêmica. A isquemia assume, na TC, um aspecto de hipodensidade em uma fase aguda, evoluindo para uma imagem normal na fase crônica.
As doenças cerebrovasculares isquêmicas podem ser lacunares, quando acontece a obstrução de pequenas arteríolas, causando lesões em áreas diminutas, geralmente na cápsula interna, nos núcleos da base ou no tronco cerebral; por microangiopatia, que acontece mais em pacientes diabéticos ou idosos, atingindo áreas de fronteira entre as artérias, que geralmente já são menos perfundidas naturalmente; e finalmente, por infartos venosos, que não respeitam os territórios vasculares arteriais, pois são secundários à trombose dos seios venosos durais, que por conseqüência ocasionam uma congestão venosa extensa e a redução na perfusão cerebral, podendo até culminar com uma hemorragia intraparenquimatosa. Neste caso, a TC mostrará a área cerebral atingida pela isquemia, contudo, o exame de escolha é a angioressonância venosa, pois identifica com maior precisão, o seio venoso obstruído.

FIGURA3: Infarto cerebral por trombose dos seios venosos. Nota-se nesta imagem, a extensa área de isquemia cerebral (hipodensa).
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados.


FIGURA 4: Angioressonância venosa com contraste. As legendas mostram os seios venosos durais.
FONTE: Do autor: Direitos autorais reservados



COMPLEMENTE ESTE ESTUDO COM O CURSO: INTERPRETAÇÃO NEUROFUNCIONAL DE EXAMES RADIOLÓGICOS.


REFERÊNCIAS:
Bourjat P, F. Veillon Imagerie radiologique tête et cou. Paris, Vigot. 1995. 
Galhardo, Ivanilton: Propedêutica Neurológica Essencial, Pancaster, 1988.
Organe des sens et peau, nerfs vaisseaux périphériques et. 1er éd. Paris, Maloine. 1977. 
Harnsberger HR, Osborn AG, Ross JS, Moore KR, Salzman KL, Carrasco CR, Halmiton BE, Davidson HC, Wiggins RH. Anatomia Cirúrgica e Diagnóstico por Imagem: cérebro, cabeça e pescoço, coluna. 3 ª ed. Salt Lake City, Utah.Amirsys. 2007. 
Machado, D’ Ângelo: Neuroanatomia Funcional, Atheneu, 1990.



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

EXAMES RADIOLÓGICOS NA PRÁTICA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E NEUROINTENSIVA – PARTE 3 RADIOLOGICS EXAMES ON NEUROLOGIC AND NEUROINTENSIVE PHISICOLTERAPIC PRATICE– PART 3

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

RAIO-X DE CRÂNIO:
No rol dos exames radiológicos, o Raio-X simples deveria ser o exame de primeira escolha em muitos casos de pacientes neurológicos, pelo fato de ser mais barato e consequentemente, mais acessível, inclusive para pacientes do SUS.
Contudo, suas imagens bidimensionais, formadas por sobreposição, não traduzem com precisão as localizações e demais detalhes anatômicos das estruturas injuriadas. Esta pobreza de detalhes alia-se à falta de domínio técnico na leitura do exame, tornando-se critérios relevantes na opção do profissional por solicitar, logo de início, exames mais complexos e detalhados, como a Tomografia Computadorizada, ou a Ressonância Nuclear Magnética.
As incidências solicitadas nos Raios-X de crânio são: Ântero-posterior (AP), Perfil e Axial, sendo que esta última pode receber nomes específicos a depender do trajeto que o raio fizer: se ântero-posterior frontal, o axial será chamado de Towne; se ântero-posterior mandibular, será denominado de Hirtz, se póstero-anerior, de Hass.
FIGURA 1: Anatomia radiológica em incidências básicas do Raio-X de crânio/face

FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados.

O desconhecimento técnico acerca das possibilidades diagnósticas obtidas a partir do Raio-X simples de crânio leva o profissional a somente solicitá-lo em casos de traumas com fraturas. Contudo, é possível identificar muitas outras alterações radiológicas, como por exemplo, a hipertensão craniana, as assimetrias crânio-faciais e a impressão basilar.
As fraturas são os achados mais comumente diagnosticados pelos raios-x. Nos traumas sem afundamento de crânio, encontrar-se-ão traços de fratura e afastamento das suturas; caso haja afundamento de crânio, aparecerão expressões ósseas para dentro do encéfalo; pode-se observar ainda a presença de artefatos como, por exemplo, estilhaços de bala, nos casos de traumas por armas de fogo. Finalmente, as áreas de calcificações surgem na fase crônica dos traumas, nas áreas de consolidação das fraturas.
Os principais achados radiológicos da hipertensão craniana são: disjunção das suturas; impressões digitiformes e desmineralizadas na sela túrcica; dilatação ou destruição dos orifícios ópticos, dentre outros.
As assimetrias crânio-faciais também são achados comuns nos exames de raios-x, destacando-se os casos de hidrocefalia e do pneumoencéfalo, ambos trazendo como conseqüência clínica o aumento da pressão intra-craniana (PIC); da macrocefalia, com o aumento do tamanho do crânio; da crânioestenose, que consiste no fechamento precoce das suturas, podendo levar a deformidades cranianas ou à microcefalia (Diminuição do tamanho do crânio).
FIGURA 2: Derivação ventricular externa (DVE) para controle da PIC

FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados.


Finalmente, a impressão basilar, que é radiologicamente observável quando o processo odontóide do Áxis (C2) ultrapassa a linha bi-mastoidea. Esta doença pode vir associada à síndrome de Arnold-Chiari.
Figura 3: Raio-X esquemático em incidência PA-axial, evidenciando o processo odontóide do Áxis e a linha bi-mastoidea.
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados.


COMPLEMENTE E ATUALIZE SEUS CONHECIMENTOS ACESSANDO REGULARMENTE NOSSO BLOG E FAZENDO NOSSOS CURSOS:

REFERÊNCIAS:


1. Galhardo, Ivanilton. Propedêutica neurológica essencial. Rio de Janeiro: Pancaster, 1992.
2. Juhl, J.H. e Crummy, A.B. Interpretação radiológica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1996.
3. Mello Júnior, Carlos Fernando de. Radiologia Básica. Rio de Janeiro : Revinter, 2010.

sábado, 17 de setembro de 2011

FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA: MÉTODO KABAT EM PACIENTE CRÍTICO – UTI. (Proprioceptive Neuromuscular Facilitation: method Kabat on critical patient – UTI)

Os exercícios de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva foram desenvolvidos pelo Dr. Herman Kabat, no Instituto Kabat-Kaiser, entre 1946 e 1950, na Inglaterra. Seu método visa obter o máximo potencial de atividade motora em cada esforço voluntário, e o maior número possível de repetições dos respectivos movimentos, para, desta forma, majorar a resposta motora voluntária. (1), (2)
O método Kabat se fundamenta em regras, chamadas de princípios básicos; e compõe-se de diversas técnicas proprioceptivas específicas, facilitadoras da função motora voluntária. Na figura a seguir estão ilustrados os componentes do método.

FIGURA 1: Desenho esquemático do método Kabat.
FONTE: do autor (Direitos autorais reservados).

Inicialmente, a FNP foi indicada para tratamento de pacientes com poliomielite. Hoje, observa-se uma ampliação significativa de suas indicações terapêuticas, seja pelo aumento no espectro de entidades nosológicas indicadas, ou pela precocidade de sua indicação; salvaguardando, obviamente, para a segurança do paciente, alguns cuidados à realização dos exercícios, suspendendo-os ou restringindo-os em casos de: fraturas, osteoporose avançada, deformidades articulares, tromboses venosas, instabilidade hemodinâmica, disfunções respiratórias (descompensadas ou sem o suporte ventilatório necessário), tromboembolismo pulmonar, hipertensão craniana*, febre (processo infeccioso), dores agudas que prejudiquem o exercício, escaras**, etc. (1), (2)
FIGURA2: FNP em paciente com BIPAP.
FONTE: do autor (Direitos autorais reservados)

O doente crítico pode ser bastante beneficiado com a fisioterapia motora, sobretudo, quando esta é incrementada com técnicas de cinesioterapia neurofuncional, como é o exemplo da FNP, mesmo que sua doença de base não seja neurológica. Estes pacientes, por permanecerem restritos ao leito, muitas vezes por períodos prolongados, começam a apresentar disfunções neuromusculares, pela falta de estímulos sensoriais e motores; prejuízos na absorção de nutrientes de sua dieta, pela redução do trânsito intenstinal; aumento das citocinas inflamatórias, pela inatividade; dentre outros óbices. Estes fatores contribuirão para o enfraquecimento muscular generalizado, o conseqüente aumento no tempo de ventilação mecânica e, finalmente, de permanência na UTI. (3)
Needham et al, descrevem critérios que devem ser observados ao se iniciar uma fisioterapia motora no paciente de UTI: o critério neurológico, destacando-se os níveis de consciência e de sedação; o cárdio-respiratório, no qual deve-se observar instabilidades; e finalmente, outros critérios clínicos, observando-se presença de distintas doenças limitantes ao exercício, como a TVP, as infecções, etc. (3).
FIGURA 3: Critérios para início do treino motor em pacientes críticos (UTI)
FONTE: adaptado de Needham et al, (2009)

Ainda propõem parâmetros para a evolução dos procedimentos cinesioterapeuticos, descritos em um protocolo composto por cinco níveis de dificuldade, que progridem desde a admissão do paciente (inconsciente ou sedado) na UTI, até a deambulação assistida, conforme ilustra o quadro a seguir. (3)
FIGURA 4: Proposta de evolução da fisioterapia motora no paciente crítico (UTI).
FONTE: adaptado de Needham et al, (2009)

Deste modo, a fisioterapia motora, sobretudo a neurofuncional, vem ganhando espaço nas unidades de terapia intensiva. Arriscando-se, até a citação de um neologismo: “Fisioterapia Neurointensiva”.

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Fisioterapeuta, formado pela UFRN, especialista em avaliação cinético-funcional, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes-HUOL e do Centro de Reabilitação Adulto-CRA, preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN, autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.


REFERÊNCIAS:
(1)  MEDEIROS, Gleidson Franciel Ribeiro de: Guia Ilustrado de Cinesioterapia Neurológica Básica, Casa do Cordel, Natal, 2011, 120p.

(2)  ADLER, Suzan S; BECKERS, Dominick; BURK, Math.: PNF – Facilitação neuromuscular propriocepti-va – um guia ilustrado. Manole, São Paulo, 257p. 1999

(3)  Needham DM, et al (2009) Early Mobilization of Critically Ill Patients: Reducing Neuromuscular Complications After Intensive Care. Contemporary Critical Care, 6 (9):1-12

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

EXAMES RADIOLÓGICOS NA PRÁTICA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E NEUROINTENSIVA – PARTE 2 RADIOLOGICS EXAMES ON NEUROLOGIC AND NEUROINTENSIVE PHISICOLTERAPIC PRATICE– PART 2

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

Os raios-X consistem em uma radiação eletromagnética ionizante, formada por partículas chamadas quantum ou fóton, que se agrupam em pacotes de energia com um curto comprimento de onda e alto poder de penetração nos mais diversos materiais. No corpo humano, além da penetração tecidual, os raios-x produzem outros dois efeitos: estocásticos, aqueles que resultam de uma exposição crônica freqüente, mesmo que seja em baixa intensidade (câncer, mutação genética); e determinísticos, que resultam de uma exposição aguda a altas doses de radiação (morte celular, queimaduras, esterilidade, catarata).
A formação das imagens radiológicas ocorre a partir da impressão de determinado objeto, pelos raios-x, em uma chapa fotográfica especial. O corpo, ao ser colocado entre o raio e o filme, terá seus componentes gravados, em imagem bidimensional, na película. Quando se tratar de um objeto com profundidade considerável, as figuras de suas estruturas internas aparecerão sobrepostas umas às outras.  
Quanto maior a exposição do filme ao raio, mais escura será a sua marca. Assim, a atenuação dos raios-x ao passarem através de determinado material, que acontece proporcionalmente inversa à sua densidade, provoca diferenças nas tonalidades da impressão do filme. Em áreas mais densas, por onde os raios ultrapassam menos, a impressão fica mais branca; apresentando-se mais escura, em áreas de baixa densidade. Deste modo, reproduz-se, em escala de cinza e de forma verossímil, o objeto fotografado. (Figura 1)

FIGURA 1: RELAÇÃO ENTRE DENSIDADE TECIDUAL, PENETRAÇÃO DOS RAIOS-X E TONALIDADE DA IMAGEM RADIOLÓGICA

FONTE: do autor (Direitos autorais reservados)

Alguns fatores interferem na formação da imagem radiológica: espessura e densidade da área avaliada, determinando a quantidade de exposição do filme aos raios; presença de movimento durante o exame, que, similarmente a uma fotografia comum, causará um efeito de borramento da imagem, o qual pode ser minimizado com a redução do tempo de exposição do filme ao raio; dispersão, controlada por mecanismo da própria máquina; ampliação da imagem, variando conforme a distância que o alvo é colocado da fonte de raios-x; distorções das imagens, ocorrendo de acordo com o posicionamento do raio em angulações diversas.
Desta forma, para se obter uma imagem radiológica é pertinente observar, basicamente, duas técnicas: a exposição e a incidência de projeção. A primeira diz respeito à quantidade de raio ao qual a região avaliada foi exposta, geralmente usando-se determinadas estruturas em filmes anteriores como referência (Figura 2), então, a imagem será classificada como sub-penetrada, adequadamente penetrada ou super-penetrada. Por corolário, a incidência refere-se ao trajeto que o raio fará ao ultrapassar a área avaliada até atingir o filme, sendo os mais comuns: Ântero-Posterior (AP), o raio penetra na região anterior e o filme é posicionado posteriomente; Póstero-Anterior (PA), o raio penetra pela região posterior do corpo e o filme é posicionado anteriormente; Perfil, o raio penetra lateralmente e o filme é posicionado no lado oposto; Oblíqua, o raio penetra lateralmente o corpo em uma angulação aguda; Axial, o raio penetra o corpo anteriormente ou posteriormente em uma angulação aguda; dentre outras.

FIGURA 2: RAIO-X DE PULMÃO EM DIVERSOS GRAUS DE EXPOSIÇÃO


                                     Imagem sub-penetrada  Adequadamente penetrada   Super-penetrada.

FONTE: do autor (Direitos autorais reservados)

REFERÊNCIAS:

1. Juhl, J.H. e Crummy, A.B. Interpretação radiológica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1996.
2. Educação, Conselho Nacional de. Resolução Nº 04. s.l. : Artigo 5º, VI.
3. Mello Júnior, Carlos Fernando de. Radiologia Básica. Rio de Janeiro : Revinter, 2010.



sábado, 3 de setembro de 2011

EXAMES RADIOLÓGICOS NA PRÁTICA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E NEUROINTENSIVA – PARTE 1 (RADIOLOGICAL EXAMINATIONS IN THE NEUROFUNCTIONAL AND NEUROINTENSIVE PHYSICAL THERAPY'S PRACTICE - PART 1)

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

Os exames complementares são aqueles que se somam aos dados da anamnese e do exame físico para auxiliarem na confirmação das hipóteses diagnósticas e das propostas terapêuticas. Estes exames podem ser classificados didaticamente em grupos: Laboratoriais, de imagem, biópsias, etc. (1)
Diversos profissionais da área da saúde são habilitados a solicitarem os exames complementares. Dentre eles destacam-se os médicos, os fisioterapeutas, os fonoaudiólogos, os nutricionistas, e outros. Contudo, para solicitá-los, faz-se necessário que o profissional observe alguns critérios como: real necessidade do exame para auxílio diagnóstico e, consequentemente, terapêutico; domínio técnico para prescrevê-lo e interpretá-lo adequadamente; e finalmente, a habilitação legal, autorizando os profissionais, conforme suas competências, a solicitarem e interpretarem os referidos exames de acordo com os critérios específicos de suas áreas.
A Resolução. Nº 04, do CNE, art. 5º, VI, enumera como competência do fisioterapeuta:


Realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente, colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e complementares. O fisioterapeuta pode, inclusive, solicitar exames laboratoriais, desde que sejam para esclarecer diagnóstico e condutas fisioterápicas”.  (2)


Resta claro, conforme o elucidado, que para a consecução do fisiodiagnóstico de pacientes neurológicos, o fisioterapeuta encontra-se devidamente autorizado a solicitar determinados exames complementares, dos quais, destacam-se os de imagem: raios-X, tomografia computadorizada, ressonância magnética, mielografia, angiografia cerebral, etc.
Tais exames podem ser didaticamente classificados de acordo com a fonte de energia que os produzem. Sumariamente, é possível elencá-los em: Exames de fontes ionizantes, como o raio-X, a tomografia computadorizada e a angiografia; os de fontes eletromagnéticas, destacando-se a ressonância magnética e a ângio-ressonância; e ainda, os de fontes mecânicas, como a ultra-sonografia. (1)






FIGURA 1: ESCALONAMENTO DAS FONTES DE ENERGIA
FONTE: O Autor (Direitos autorais reservados)


A interpretação neurofuncional de exames radiológicos deve ser composta pela associação de diversos conhecimentos técnico-científicos de domínio do fisioterapeuta: a anatomia radiológica, a fisiopatologia, a semiologia (imaginologia) e a plasticidade neural (neuroplasticidade). (3)
Certamente, o domínio científico do fisioterapeuta neurofuncional ou neurointensivista é imprescindível para uma correta prescrição e leitura dos exames radiológicos, sobretudo na área de atuação hospitalar, facilitando assim, fisiodiagnósticos mais céleres e precisos e, consequentemente, o delineamento mais seguro de condutas cinesioterápicas.




REFERÊNCIAS:


1. Juhl, J.H. e Crummy, A.B. Interpretação radiológica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1996.
2. Educação, Conselho Nacional de. Resolução Nº 04. s.l. : Artigo 5º, VI.
3. Mello Júnior, Carlos Fernando de. Radiologia Básica. Rio de Janeiro : Revinter, 2010.




Adquira a apostila digital ilustrada: “INTERPRETAÇÃO FUNCIONAL DE EXAMES RADIOLÓGICOS” ou faça o curso à distância: Interpretação Neurofuncional de Exames Radiológicos. Informações: gfranciel@gmail.com

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PLASTICIDADE NEURAL: NOÇÕES INICIAIS

A plasticidade Neural ou Neuroplasticidade consiste na capacidade do sistema nervoso em se reorganizar ou mesmo se "regenerar", após certa injúria.
Tal capacidade é, didaticamente explicada por dois mecanismos:
1- O mecanismo de brotamento (regeneração): Comum aos axônios e, consequentemente, mais observável na substância branca do Sistema Nervoso Central;
2- O mecanismo de reorganização dendrítica (alternativa predominantemente presente nas lesões de substância cinzenta), uma vez que o corpo celular tem reduzido potencial de regeneração.
Este segundo mecanismo pode ser observado através, por exemplo, da "Função Vicariante" (quando áreas latentes íntegras do sistema nervoso entram em atividade para assumir funções perdidas pelas áreas comprometidas); Função Visceral (quando determinadas áreas cerebrais assumem funções distintas); Diásquise (que consiste no mecanismo de religação - observável por ocasião da saída da fase aguda); dentre outros mecanismos.
Todas estas mudanças fisiológicas do sistema nervoso dependem de fatores como: idade do indivíduo, ambiente no qual ele está inserido, grau de instrução, intensidade e frequência de estímulos terapêuticos, grau e extensão das áreas lesionadas, etc.
Para, contudo, se otimizar o potencial de recuperação do paciente neurológico, se faz necessário a escolha e aplicação do Método Cinesioterápico adequado para cada tipo e área de injúria neurológica. E os conhecimentos em Neuroplasticidade são de singular importância para a seleção cinesioterapeutica em questão.
O fisioterapeuta deve sempre buscar a fundamentação mais sólida para a sua conduta, para não se tornar um mero reprodutor de técnicas, incapaz de pensar, descobrir e resolver as querelas que lhes são apresentadas pelos pacientes.

GLEIDSON F. R. MEDEIROS

REFERÊNCIA:
CARR & SHEPHERD: PROGRAMAS DE REAPRENDIZAGEM MOTORA. 1988.

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