quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA: DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS. (kinesiotherapy neurological: the origins to our days)


GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

 O tratamento e cura das doenças neurológicas são grandes desafios para o homem, desde os tempos mais remotos. O relato mais antigo sobre este assunto é datado da época do Antigo Egito: O Papiro Cirúrgico de Edwin Smith de 1660 a.C. que consiste em um manuscrito com 48 ocorrências, citando aspectos clínicos e rituais terapêuticos, entretanto, para os casos neurológicos, os egípcios não previam tratamento, nem esperança de cura.

Papiro de Edwin Smith. FONTE: http://historiadelamedicina.org/blog/2008/04/21/el-papiro-de-edwin-smith/


No avançar dos séculos, chegando à antiguidade cristã, a correlação entre doença e pecado tornou-se cada vez mais forte e, eram realizadas verdadeiras cerimônias de “cura e libertação” pelo cristianismo nascente, atraindo muita gente que buscava alívio de seus penares ou um milagre “... levanta-te e anda!”.
Com o surgimento do pensamento moderno, que trouxe como características: o antropocentrismo, o tecnicismo e o cientificismo; surge a necessidade de se descobrir novas respostas, novos caminhos, novas curas, enfim, novas verdades. E, em meio a este cenário, os profissionais de saúde começam buscar explicações lógicas para as doenças, suas causas e, consequentemente, sistematizarem os “rituais” de tratamento. Contudo, ainda havia uma grande celeuma no tocante às doenças neurológicas.

O homem Vitruviano. Leonardo da Vinci (retrata o antropocentrismo modernista). FONTE: http://huxley-gilmour.blogspot.com/2010_04_01_archive.html


No século XIX, o suíço Dr. Frenkel propõe um programa de exercícios para o treinamento de pacientes com ataxia sensitiva. Usando princípios mais pedagógicos que clínicos, os exercícios de Frenkel marcam certo avanço no tratamento das doenças do movimento humano, causadas por transtornos neurológicos; contudo, ainda restava um vazio a ser preenchido: o tratamento das pessoas com paralisia. 

Circuitos para treino de marcha atáxica com Exercícios de Frenkel. FONTE: Do autor - Direitos autorais reservados


Sedentos por respostas, os ávidos olhares da neurologia do século XX, ingressam em uma nova era de descobertas e de esperanças, fundamentada em conceitos de neurofisiologia, pelos quais os tratamentos não mais se limitariam em reeducar movimentos inadequados, mas, seria possível também, estimular o surgimento de contrações musculares e movimentos outrora perdidos. Para isto, propuseram-se as técnicas cinesioterapeuticas de estimulação, facilitação, inibição e reeducação, que se agrupariam para formarem os métodos de cinesioterapia neurológica.
As teorias de controle motor somaram-se ao arsenal teórico dos estudos referentes motricidade humana e, por volta da década de 40, Herman Kabat, estudando a fisiologia da contração músculo-esquelética, encontrou na excitação do fuso muscular, a resposta para se potencializar as contrações fracas de músculos paralisados. E propôs, à luz da teoria reflexa do controle motor, um método terapêutico de Facilitação Neuromuscular, baseado na excitação Proprioceptiva do fuso muscular, a partir do estímulo de estiramento.
As idéias evolucionistas de Darwin também influenciaram os conceitos da cinesioterapia, que a partir da década de 50, se apegou à teoria Hierárquica do controle motor (As estruturas do sistema nervoso estão escalonadas, de modo que as superiores comandam as inferiores), e surgiram no universo científico-profissional, os métodos neuroevolutivos, baseados em conceitos do desenvolvimento ontogenético (Rood) e da maturação do sistema nervoso (Bobath), dentre outros.

Imagem representando o processo de corticalização durante a evolução da espécie humana, trazendo como consequência a sua verticalização. FONTE: Adaptação do autor.
 
ROOD EM PACIENTE CRÍTICO (UTI). Utilizando-se crioestimulação (atadura úmida gelada) e técnica de estimulação da mobilidade, na primeira postura ontogenética (supino). FONTE: Do autor. Direitos autorais reservados.

 Na década de 80, a biomecânica agrega esforços na fundamentação dos métodos e, as novas descobertas acerca da plasticidade neural fazem os estudiosos despertarem para uma nova teoria do controle motor, a Heterárquica, segundo a qual o sistema nervoso está totalmente interligado, formando uma verdadeira rede neural. Esta, também chamada “teoria dos sistemas”, defende a reabilitação neurofuncional a partir das técnicas de reeducação motora e fundamenta alguns métodos modernos, dentre eles, o Programa de Reaprendizagem Motora de Carr & Shepherd.
A cinesioterapia contemporânea aponta seus caminhos para uma realidade cada vez mais ampla e de conceitos mais precisos. Hoje, incluem-se no rol de saberes ligados a esta ciência: a cibernética, a robótica, a realidade virtual, dentre outros; que marcam o surgimento de uma nova proposição para o controle motor. A teoria ecológica, na qual ambiente e sujeito deixam de ser entendidos como duas realidades que se integram pelas sensações; para formarem um só sistema, cujos componentes são vinculados pela consciência, pela percepção e pelas abstrações da imaginação; poderosas ferramentas na plasticidade do cérebro.

Cérebro. FONTE: http://sophiaofnature.files.wordpress.com/2011/06/braingd.jpg


REFERÊNCIAS:

Carr, Janet e Shepherd, Roberta. Programa de reaprendizagem motora para hemiplégico adulto. São Paulo : Manole, 1988.

Downie, Patrícia A. Cash: Neurología para fisioterapeutas. 4ª. Buenos Aires : Panamericana, 2006.

Gardiner, M. Dena. Manual de terapia por exercícios. São Paulo : Livraria e editora Santos, 1986

Knott, Margareth e Voss, Dorott E. Proprioceptive neuromuscular facilitation, pattems and tech-niques. 2ª. New York : Harper and Row, 1968.

Stokes, Maria C. S. P. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Premier, 2000.

Tuoto, E. A. "Papiros Médicos Egípcios." In: História da Medicina by Dr Elvio A Tuoto (Internet). Brasil, 2010. Consulta em [dia, mês, ano]. Disponível em: http://historyofmedicine.blogspot.com/2010/05/papiros-medicos-egipcios.html


http://huxley-gilmour.blogspot.com/2010_04_01_archive.html

http://sophiaofnature.files.wordpress.com/2011/06/braingd.jpg 

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Um comentário:

  1. Excelente!
    Às vezes conhecemos os métodos, mas não sabemos como surgiram.

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