quarta-feira, 12 de outubro de 2011

EXAMES RADIOLÓGICOS NA PRÁTICA DA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E NEUROINTENSIVA – PARTE 4: (Radiologics exames on neurologic and neurointensive phisioterapic pratice– Part 4)


GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

A Tomografia Computadorizada (TC), e a ressonância Magnética (RNM), são atualmente exames de excelência no diagnóstico complementar de diversas enfermidades do sistema nervoso: doenças cerebrovasculares, traumatismos crânios-encefálicos, neoplasias, malformações congênitas e leucopatias. Neste texto, contudo, serão discutidos os aspectos tomográficos (TC), das disfunções cerebrovasculares, as quais podem se classificar primariamente em Hemorrágicas e isquêmicas.
As hemorragias acontecem quando há a ruptura de algum vaso sanguíneo responsável pela irrigação de certa área do cérebro. Elas podem surgir por ocasião da hipertensão arterial, atingindo as áreas da cápsula externa, tálamo, putâmen e ponte; também pela ruptura de aneurismas, geralmente localizados na artéria cerebral média, na artéria cerebral anterior ou no topo da carótida interna; podem acontecer também por rompimento de malformações arteriovenosas, causando sangramentos intracranianos; ou mesmo por um AVC isquêmico reperfundido, fato comum e de alta gravidade; pela hipertensão craniana decorrente dos traumas crânios-encefálicos; pelas neoplasias; dentre outras causas. Um aspecto importante a ser observado nos exames tomográficos, em caso de hemorragias, é a presença de área hiperdensa envolta por zona hipodensa (na fase aguda); e a presença de zona hipodensa ou normal (na fase crônica).
Outra forma de classificar uma hemorragia cerebral é com relação ao sítio do sangramento. Na tomografia computadorizada, pode-se identificar a hemorragia epidural, quando o sangramento acontece entre a calota craniana e a dura-máter, assumindo-se um aspecto biconvexo com discreto efeito de massa sobre o parênquima cerebral; a subdural, quando acontece entre a dura-máter e a aracnóide, assumindo um formato de lua crescente, também com discreto efeito de massa sob o parênquima; a subaracnóide, quando o sangramento ocorre entre a aracnóide e a pia-mater, assumindo um aspecto invaginante pelos sulcos, fissuras e cisternas; a intraparenquimatosa territorial, quando atinge uma área extensa, referente à determinada artéria cerebral; e, finalmente, a hemorragia intra-ventricular, que decorre da contigüidade das lesões hemorrágicas intraparenquimatosas.
 FIGUA 1: TC de crânio mostrando uma hemorragia epidural extensa. Note o formato biconvexo.
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados


FIGURA 2: TC de Crânio mostrando uma hemorragia intraventricular não drenada, em fase aguda. Observe a área hiperdensa envolta por uma zona hipodensa.
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados

Quando há alguma obstrução do fluxo sanguíneo para determinado território cerebral, tem-se a disfunção isquêmica. A isquemia assume, na TC, um aspecto de hipodensidade em uma fase aguda, evoluindo para uma imagem normal na fase crônica.
As doenças cerebrovasculares isquêmicas podem ser lacunares, quando acontece a obstrução de pequenas arteríolas, causando lesões em áreas diminutas, geralmente na cápsula interna, nos núcleos da base ou no tronco cerebral; por microangiopatia, que acontece mais em pacientes diabéticos ou idosos, atingindo áreas de fronteira entre as artérias, que geralmente já são menos perfundidas naturalmente; e finalmente, por infartos venosos, que não respeitam os territórios vasculares arteriais, pois são secundários à trombose dos seios venosos durais, que por conseqüência ocasionam uma congestão venosa extensa e a redução na perfusão cerebral, podendo até culminar com uma hemorragia intraparenquimatosa. Neste caso, a TC mostrará a área cerebral atingida pela isquemia, contudo, o exame de escolha é a angioressonância venosa, pois identifica com maior precisão, o seio venoso obstruído.

FIGURA3: Infarto cerebral por trombose dos seios venosos. Nota-se nesta imagem, a extensa área de isquemia cerebral (hipodensa).
FONTE: Do autor – Direitos autorais reservados.


FIGURA 4: Angioressonância venosa com contraste. As legendas mostram os seios venosos durais.
FONTE: Do autor: Direitos autorais reservados



COMPLEMENTE ESTE ESTUDO COM O CURSO: INTERPRETAÇÃO NEUROFUNCIONAL DE EXAMES RADIOLÓGICOS.


REFERÊNCIAS:
Bourjat P, F. Veillon Imagerie radiologique tête et cou. Paris, Vigot. 1995. 
Galhardo, Ivanilton: Propedêutica Neurológica Essencial, Pancaster, 1988.
Organe des sens et peau, nerfs vaisseaux périphériques et. 1er éd. Paris, Maloine. 1977. 
Harnsberger HR, Osborn AG, Ross JS, Moore KR, Salzman KL, Carrasco CR, Halmiton BE, Davidson HC, Wiggins RH. Anatomia Cirúrgica e Diagnóstico por Imagem: cérebro, cabeça e pescoço, coluna. 3 ª ed. Salt Lake City, Utah.Amirsys. 2007. 
Machado, D’ Ângelo: Neuroanatomia Funcional, Atheneu, 1990.