segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PLASTICIDADE NEURAL: NOÇÕES INICIAIS

A plasticidade Neural ou Neuroplasticidade consiste na capacidade do sistema nervoso em se reorganizar ou mesmo se "regenerar", após certa injúria.
Tal capacidade é, didaticamente explicada por dois mecanismos:
1- O mecanismo de brotamento (regeneração): Comum aos axônios e, consequentemente, mais observável na substância branca do Sistema Nervoso Central;
2- O mecanismo de reorganização dendrítica (alternativa predominantemente presente nas lesões de substância cinzenta), uma vez que o corpo celular tem reduzido potencial de regeneração.
Este segundo mecanismo pode ser observado através, por exemplo, da "Função Vicariante" (quando áreas latentes íntegras do sistema nervoso entram em atividade para assumir funções perdidas pelas áreas comprometidas); Função Visceral (quando determinadas áreas cerebrais assumem funções distintas); Diásquise (que consiste no mecanismo de religação - observável por ocasião da saída da fase aguda); dentre outros mecanismos.
Todas estas mudanças fisiológicas do sistema nervoso dependem de fatores como: idade do indivíduo, ambiente no qual ele está inserido, grau de instrução, intensidade e frequência de estímulos terapêuticos, grau e extensão das áreas lesionadas, etc.
Para, contudo, se otimizar o potencial de recuperação do paciente neurológico, se faz necessário a escolha e aplicação do Método Cinesioterápico adequado para cada tipo e área de injúria neurológica. E os conhecimentos em Neuroplasticidade são de singular importância para a seleção cinesioterapeutica em questão.
O fisioterapeuta deve sempre buscar a fundamentação mais sólida para a sua conduta, para não se tornar um mero reprodutor de técnicas, incapaz de pensar, descobrir e resolver as querelas que lhes são apresentadas pelos pacientes.

GLEIDSON F. R. MEDEIROS

REFERÊNCIA:
CARR & SHEPHERD: PROGRAMAS DE REAPRENDIZAGEM MOTORA. 1988.

* Continue sua leitura com: "GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA"

domingo, 21 de agosto de 2011

PREVENÇÃO DE DEFORMIDADES ARTICULARES

As deformidades articulares são complicações clínicas secundárias, presentes nos pacientes neurológicos, sobretudo naqueles confinados ao leito e ao imobilismo de um modo geral.


As características de uma deformidade articular são: 
1- Aumento de volume da articulação;
2- Desalinhamento ósteo-articular;
3- Perda ou restrição das amplitudes de movimento articular;
4- Dores (quando houver sensibilidade preservada), dentre outras.
FIG. 1: Deformidades articulares em joelhos e cotovelos
Fonte: Primária.

São ainda fatores que contribuem para esta complicação:
1- A espasticidade (o desequilíbrio muscular causado pela hipertonia espástica faz com que o indivíduo adote posturas viciosas padronizadas, chamadas de PADRÕES POSTURAIS PATOLÓGICOS. Estas posturas, mantidas por períodos prolongados causam encurtamentos em certos grupos musculares, que podem evoluir para uma situação de contratura e, finalmente, a deformidade).
2- A flacidez (neste caso, a postura largada, sob a ação da gravidade, em situação de desalinhamento articular; também pode deformar as referidas articulações);
3- O imobilismo;
4- Micro-traumas decorrentes de mobilizações inadequadas;
5- Posturas protetoras (antálgicas); etc.

A priore o tratamento das deformidades deve ser preventivo, com a administração de recursos terapêuticos, que visem melhorar a qualidade muscular e articular do paciente, tais como:
1- Alongamentos sistemáticos nas principais articulações;
2- Manter a mobilidade articular através de exercícios ou de mobilizações passivas, se for o caso;
3- Manter o alinhamento articular com posicionamentos adequados e uso de contenções.
(As contenções podem ser feitas com órteses permanentes; órteses provisórias, em gesso; bandagens; barreiras, como travesseiros, rolos, etc)
FIG. 2: Barreira para contenção de padrão adutor do membro superior (rolo de pano e espuma)
Fonte: Primária

FIG. 3: Bandagem Postural (à direita concluida - pé em 90º; à esquerda - apenas enfaixamento de crepom - pé ainda caído)
Fonte: Primária

FIG. 4: Órtese vazada em gesso e crepom (Fácil colocação, calcanhar livre para prevenção de úlceras de pressão, mantem o alinhamento articular)
FONTE: Primária

DR. GLEIDSON F.R. MEDEIROS
gfranciel@gmail.com

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