sábado, 17 de setembro de 2011

FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA: MÉTODO KABAT EM PACIENTE CRÍTICO – UTI. (Proprioceptive Neuromuscular Facilitation: method Kabat on critical patient – UTI)

Os exercícios de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva foram desenvolvidos pelo Dr. Herman Kabat, no Instituto Kabat-Kaiser, entre 1946 e 1950, na Inglaterra. Seu método visa obter o máximo potencial de atividade motora em cada esforço voluntário, e o maior número possível de repetições dos respectivos movimentos, para, desta forma, majorar a resposta motora voluntária. (1), (2)
O método Kabat se fundamenta em regras, chamadas de princípios básicos; e compõe-se de diversas técnicas proprioceptivas específicas, facilitadoras da função motora voluntária. Na figura a seguir estão ilustrados os componentes do método.

FIGURA 1: Desenho esquemático do método Kabat.
FONTE: do autor (Direitos autorais reservados).

Inicialmente, a FNP foi indicada para tratamento de pacientes com poliomielite. Hoje, observa-se uma ampliação significativa de suas indicações terapêuticas, seja pelo aumento no espectro de entidades nosológicas indicadas, ou pela precocidade de sua indicação; salvaguardando, obviamente, para a segurança do paciente, alguns cuidados à realização dos exercícios, suspendendo-os ou restringindo-os em casos de: fraturas, osteoporose avançada, deformidades articulares, tromboses venosas, instabilidade hemodinâmica, disfunções respiratórias (descompensadas ou sem o suporte ventilatório necessário), tromboembolismo pulmonar, hipertensão craniana*, febre (processo infeccioso), dores agudas que prejudiquem o exercício, escaras**, etc. (1), (2)
FIGURA2: FNP em paciente com BIPAP.
FONTE: do autor (Direitos autorais reservados)

O doente crítico pode ser bastante beneficiado com a fisioterapia motora, sobretudo, quando esta é incrementada com técnicas de cinesioterapia neurofuncional, como é o exemplo da FNP, mesmo que sua doença de base não seja neurológica. Estes pacientes, por permanecerem restritos ao leito, muitas vezes por períodos prolongados, começam a apresentar disfunções neuromusculares, pela falta de estímulos sensoriais e motores; prejuízos na absorção de nutrientes de sua dieta, pela redução do trânsito intenstinal; aumento das citocinas inflamatórias, pela inatividade; dentre outros óbices. Estes fatores contribuirão para o enfraquecimento muscular generalizado, o conseqüente aumento no tempo de ventilação mecânica e, finalmente, de permanência na UTI. (3)
Needham et al, descrevem critérios que devem ser observados ao se iniciar uma fisioterapia motora no paciente de UTI: o critério neurológico, destacando-se os níveis de consciência e de sedação; o cárdio-respiratório, no qual deve-se observar instabilidades; e finalmente, outros critérios clínicos, observando-se presença de distintas doenças limitantes ao exercício, como a TVP, as infecções, etc. (3).
FIGURA 3: Critérios para início do treino motor em pacientes críticos (UTI)
FONTE: adaptado de Needham et al, (2009)

Ainda propõem parâmetros para a evolução dos procedimentos cinesioterapeuticos, descritos em um protocolo composto por cinco níveis de dificuldade, que progridem desde a admissão do paciente (inconsciente ou sedado) na UTI, até a deambulação assistida, conforme ilustra o quadro a seguir. (3)
FIGURA 4: Proposta de evolução da fisioterapia motora no paciente crítico (UTI).
FONTE: adaptado de Needham et al, (2009)

Deste modo, a fisioterapia motora, sobretudo a neurofuncional, vem ganhando espaço nas unidades de terapia intensiva. Arriscando-se, até a citação de um neologismo: “Fisioterapia Neurointensiva”.

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Fisioterapeuta, formado pela UFRN, especialista em avaliação cinético-funcional, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes-HUOL e do Centro de Reabilitação Adulto-CRA, preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN, autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.


REFERÊNCIAS:
(1)  MEDEIROS, Gleidson Franciel Ribeiro de: Guia Ilustrado de Cinesioterapia Neurológica Básica, Casa do Cordel, Natal, 2011, 120p.

(2)  ADLER, Suzan S; BECKERS, Dominick; BURK, Math.: PNF – Facilitação neuromuscular propriocepti-va – um guia ilustrado. Manole, São Paulo, 257p. 1999

(3)  Needham DM, et al (2009) Early Mobilization of Critically Ill Patients: Reducing Neuromuscular Complications After Intensive Care. Contemporary Critical Care, 6 (9):1-12

Nenhum comentário:

Postar um comentário