sábado, 19 de novembro de 2011

MÉTODO ROOD: NOVOS DESAFIOS. (METHOD ROOD: NEW CHALLENGES).

GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

O método de estimulação sensório-motora de Rood é fundamentado na teoria Hierárquica do controle motor, baseada na idéia de evolução ontogenética do sistema nervoso. Deste modo, Margareth Rood classificou os neurônios e terminações nervosas em uma ordem escalonada conforme o tipo, a localização, a resposta que produzem, seus neurotransmissores, etc. Então, ela propôs que a estimulação sensório motora deve obedece a uma sequência neuroevolutiva dos estímulos (Esteroceptivo, proprioceptivo e volitivo), e um de seus princípios diz que se deve regular previamente o sistema nervoso autônomo, a partir de uma estimulação sensorial específica, sempre que as disautonomias interferirem nas respostas motora do sujeito, por exemplo: espasmos, picos hipertensivos, taquicardias, rebaixamento do nível de consciência, dentre outras.
Com base nestes conceitos, Rood relata algumas regras para a estimulação sensorial, dentre elas destacam-se:
1-           estímulos rápidos e repetitivos, que provocam respostas motoras tônicas e, dependendo da área corporal, podem ativar o sistema nervoso simpático, cujas fibras são “adrenérgicas”;
2-           estimulação lenta e rítmica, que provoca uma  inibição mental e muscular, ativando as fibras nervosas “colinérgicas” do sistema nervoso parassimpático.
Além da freqüência dos estímulos, Rood descreveu pontos corporais (dermátomos e miótomos), e formas de incitação (tátil ou térmico) específicas para as diferentes respostas autonômicas (simpáticas e parassimpáticas). 

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO    FONTE: http://www.fraternidaderosacruz.org/sna_s_e_p.jpg


Percebe-se, com esta narrativa, uma singular importância deste método para a fisioterapia neurointensiva, que atuará junto ao paciente neurológico agudo, grave, com prováveis alterações hemodinâmicas, de níveis de consciência, de pressão intra-craniana, dentre outras.
O coma, por exemplo, nos pacientes críticos, pode estar relacionado à própria injúria neurológica; ou pode ser induzido, quando o indivíduo encontra-se sedado, de, cujas finalidades são: facilitar o gerenciamento da ventilação mecânica, se for o caso; ou mesmo para proteger o sistema nervoso de eventuais injúrias secundárias. Entretanto, o rebaixamento dos níveis de consciência destes pacientes por tempo prolongado obsta substancialmente a sua recuperação, tanto do ponto de vista neuro-motor, quanto respiratório, e o fisioterapeuta neurointensivista, neste caso, pode atuar utilizando técnicas de Rood específicas para a ativação do sistema nervos simpático, que vão melhorar os níveis de prontidão deste paciente, acelerando o seu despertar após a sedação ter sido suspensa.
A estimulação simpática de Rood também pode produzir efeitos cárdio-vasculares, aumentando a pressão arterial e a freqüência cardíaca do sujeito, e pode ser utilizada, por exemplo, em pacientes instáveis, que mesmo fazendo uso de drogas vaso ativas, fazem bradicardia durante as manipulações da enfermagem, as manobras da fisioterapia respiratória e, sobretudo, durante a aspiração. Como os efeitos da estimulação simpática duram no máximo 3 minutos, o método deve ser aplicado e o paciente manipulado logo em seguida.
Outras técnicas específicas de Rood ativam o sistema nervoso parassimpático, o que provoca uma queda na pressão arterial sistêmica e a redução da frequência cardíaca. Importantíssimo para serem, por exemplo, aplicadas previamente às manobras de fisioterapia respiratória ou motora nos pacientes com AVC, traumatismo crânio encefálico, hidrocefalia, dentre outras doenças as quais, principalmente na fase aguda, apresentam hipertensão craniana; em pessoas com síndrome de Guillain Barré, que têm frequentemente crises de disautonomia, com taquicardia e picos hipertensivos, dentre muitas outras situações clínicas.
Apesar de ter sido “criado” há mais de cinqüenta anos, de toda a descrição neurofisiológica feita por Margareth Rood, e de suas excelentes respostas clínicas; os efeitos autonômicos e neuromusculares do método ainda não são comprovados por falta de evidências obtidas em pesquisas científicas. Destarte a riqueza de informações que o método apresenta, muitos profissionais desconhece-no, ou só o utilizam, muitas vezes inadequadamente, para estimulação motora de pacientes crônicos com lesões nervosas periféricas.  É preciso, pois, ousar, investigar, desbravar novos caminhos, atualizar os conceitos, enfim, transformar em ciência a arte de tratar.


REFERÊNCIAS:
Downie, Patrícia A. Cash: Neurología para fisioterapeutas. 4ª. Buenos Aires : Panamericana, 2006.
Gardiner, M. Dena. Manual de terapia por exercícios. São Paulo : Livraria e editora Santos, 1986
 Medeiros, Gleidson Franciel Ribeiro de: Guia Ilustrado de Cinesioterapia Neurológica Básica, Natal: Casa do Cordel, UFRN, 2011.
Stokes, Maria C. S. P. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Premier, 2000.


COMPLEMENTE ESTA LEITURA COM O GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.

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