The Neurointensive Physiotherapy - Part 2
GLEIDSON
FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS. Especialista em Avaliação
Fisioterapêutica pela UFRN, Fisioterapeuta do Hospital Universitário
Onofre Lopes (HUOL/UFRN); Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação
Adulto (Secretaria de Saúde do Estado do RN); Preceptor da Residência
Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN. Autor do livro: GUIA ILUSTRADO
DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA.
Atualmente observamos um crescimento expressivo nas áreas de abrangência da fisioterapia, dentre as quais, destaca-se o setor hospitalar, mais especificamente a terapia intensiva. Uma vertente desta área, que muito incipientemente vem se desenvolvendo, é a fisioterapia neurofuncional em pacientes críticos, que em um texto anterior, denominamos de fisioterapia neurointensiva.
O
estudo e atuação nesta área teve sua relevância argumentada em ocasião passada,
de modo que, aprofundamos especificamos tal contexto nestas linhas, ao
discorrermos acerca da mobilização passiva destes pacientes. Destacando-se,
obviamente, neste relato, os critérios de se aplicar tal recurso terapêutico,
as técnicas possivelmente utilizadas e suas repercussões clínicas e
fisiológicas.
Importante
se faz ressaltar que, os pacientes críticos, comatosos ou não que se encontram
em um leito de UTI, estão monitorados 24 horas por dia, muitas vezes com
inúmeros acessos e fazendo uso de diversas drogas, podendo ou não fazerem uso
de assistência ventilatória.
Habitualmente
recebem; além dos cuidados médicos e de enfermagem; a assistência
fisioterapeutica, que geralmente se restringe aos procedimentos respiratórios.
Entendemos, entretanto, que esta restrição obsta à recuperação precoce do
sujeito, pois o deixa desguarnecido quanto ao cuidados dos demais sistemas, por
exemplo o neurológico e o musculoesquelético.
O
fisioterapeuta neurofuncional deve se fazer presente à equipe para justamente,
preencher esta lacuna, com a eficiência e segurança necessárias à escolha e
aplicação das técnicas mais adequadas ao caso concreto. Para isto, o
profissional é treinado a observar certos critérios clínicos essenciais: estabilidade
hemodinâmica, pressão craniana, nível de consciência, gasometria, condições
musculares e articulares, complicações clínicas, etc.
Um
paciente comatoso, mesmo que não responda aos comandos, pode ser beneficiado,
por exemplo, com a técnica da mobilização passiva, pois o simples fato de
movimentá-lo regularmente no leito:
1-
Dinamiza a
circulação periférica, prevenindo diversas complicações vasculares, dentre as
quais: a TVP e as escaras;
2-
Promove a movimentação de fibras musculares e
fusais, mantendo dessa forma a qualidade muscular;
3-
Gera leves tensionamentos nos tendões e em suas
inserções ósseas, favorecendo a manutenção do cálcio ósseo e prevenindo a
formação de aderências músculo-temdíneas;
4-
Ativa os receptores articulares, que mandam
mensagens proprioceptivas ao sistema nervoso central, facilitando a atividade
cerebral e neuromotora;
5-
Estimula a produção de líquido sinovial, o que
favorece a manutenção das amplitudes articulares;
6-
Abreviando, consequentemente, a recuperação
motora do indivíduo após sua saída da UTI.
A
figura abaixo ilustra o quadril de um paciente que sofreu um traumatismo crânio
encefálico, permaneceu 45 dias em uma unidade de terapia intensiva, recebendo
somente fisioterapia respiratória. Observe a imensa área de calcificação que se
formou em torno dos quadris, reduzindo gravemente sua amplitude. Como
consequência, o paciente evoluiu com uma deformidade que o impossibilitou
mecanicamente à reabilitação da marcha em uma fase tardia do tratamento, apesar
de apresentar totais condições neurológicas.
FIGURA: RNM 3D da pelve, evidenciando área de granulação importante em volta da articulação coxofemural. |
FONTE: Do autor.
Importante se faz
destacar que, tanto a falta de mobilização, quanto esta feita de forma
inadequada, podem prejudicar o paciente. É importante que o profissional seja
conhecedor da biomecânica articular, bem como, da fisiologia neuromuscular,
para realizar as mobilizações de forma segura (respeitando os limites
cinético-fisiológicos do paciente).
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