A seleção do
método mais adequado de cinesioterapia para o tratamento de pacientes
neurológicos, é um tema de relevância ímpar para a fisioterapia contemporânea.
Esta discussão guarda seu valor pelo fato de que uma boa escolha terapêutica
pode fazer a diferença na reabilitação de alguém vítima de alguma doença,
sobretudo neurológica.
Escolher o tipo
adequado da cinesioterapia neurofuncional não consiste apenas em eleger as
técnicas corretas ou o método “mais moderno” de tratamento, e sim, em saber o
momento certo de aplicar cada técnica, de modificar os paradigmas da terapia e,
finalmente, ser capaz de projetar a alta do tratamento. Este último critério
exige que o fisioterapeuta tenha, de maneira muito sólida em seus
conhecimentos, os critérios neurofisiológicos, clínicos e funcionais os quais a
doença tratada exige, bem como, o bom senso profissional.
São inúmeros os
modelos adotados pela fisioterapia para se eleger o tratamento adequado: o
empirismo, o ecletismo, a cronologia da doença, a fisiopatologia, o critério
clínico, a neuroplasticidade, dentre outros.
O
primeiro deles é o empirismo, que consiste em escolher a terapia por meio da
intuição. Esta forma de eleição fora utilizada nos primórdios da fisioterapia,
quando a profissão ainda não guardava os rigores científicos que hoje se exige.
A sorte e a experiência de repetidas tentativas com erros e acertos, norteavam
aqueles profissionais. Curioso é que hoje, ainda se encontra fisioterapeutas
que, por diversos motivos não científicos, adotam este critério para suas
escolhas terapêuticas: “Para o paciente
pequeno, eu uso tal método, para o pesado eu uso outro, etc... tudo vai
depender do momento, pois cada paciente é diferente...”
O ecletismo é outra escola que muito
influenciou e, espantosamente, influencia a fisioterapia ainda hoje. O modelo
consiste em pegar um pouco de cada ideia e fazer uma miscelânea, que satisfaça
o máximo de situações possíveis. O problema é que muitas vezes, a falta de
destreza ou mesmo de conhecimento técnico a respeito dos métodos terapêuticos,
são as razões ocultas da escolha generalista. Infelizmente, muitos
fisioterapeutas não conhecem ou dominam os métodos individualmente (Kabat,
Bobath, Rood, Reaprendizagem Motora, Frenkel, dentre outros) e preferem fazer
uma mistura de intervenções, que pode não apresentar o resultado mais adequado
à recuperação do paciente, justamente por não conter os requisitos terapêuticos
específicos a cada caso.
Os critérios
cronológicos, surgidos por volta dos anos 50, consistem em propor objetivos e
condutas específicos para cada momento da doença: na fase aguda, por exemplo,
utiliza-se de técnicas para reabilitação dos sistemas básicos, funções
cognitivas e prevenção de complicações; na fase sub-aguda, busca-se dar uma
ênfase aos exercícios terapêuticos e ao treino funcional; e finalmente, na fase
crônica, à reabilitação das habilidades de independência, à alta provisória com
as revisões periódicas e à alta definitiva. Este é um critério excelente, pois
possibilita ao profissional fazer uma projeção de seu tratamento. Contudo, não
é suficiente, pois suas propostas terapêuticas são muito genéricas e o modelo
carece de fundamentação teórica complementada por outros parâmetros.
Os critérios clínico e
fisiopatológicos envolvem a relação entre a anátomofisiologia da doença e as
teorias de controle motor. Dentre as teorias destacam-se basicamente as:
neuromusculares, neuroevolutivas e, mais recentemente, neurocognitivas. A
grande questão destes critérios é que alguns profissionais se especializam
tanto em certas teorias, que tratam qualquer paciente com aquela de seu
domínio, desprezando as demais, e muitas vezes, a escolha não é a mais adequada
para uma determinada situação. Outro problema que surge é o embate entre os modelos,
que por sua própria natureza, deveriam ser congruentes, no entanto, as
propostas podem se contradizer, subtraindo a credibilidade da escolha. O que
pode acontecer de mais grave é o fato de alguns fisioterapeutas terem o domínio
técnico dos exercícios e não das teorias que lhes dão suporte. Dessa forma, não
são capazes de correlacionarem as teorias do controle motor ou os aspectos
clínicos e neurofisiológicos, aos métodos cinesioterapeuticos mais adequados,
caindo novamente no subjetivo empirismo ou no genérico ecletismo, retornando,
consequentemente, à idade da pedra da fisioterapia neurofuncional.
Por fim, a
neuroplasticidade surge como um pacificador dos conflitos há pouco retratado,
pois oferece uma base sólida para a escolha criteriosa dos métodos
cinesioterapeuticos. Porém, por se tratar de um estudo muito recente com uma
constante ebulição de descobertas, deve se ter certas reservas à adoção deste
modelo como único critério para escolha cinesioterapeutica. Entretanto, o
futuro está com o horizonte aberto para este paradigma que a cada dia ganha
mais espaço na CIÊNCIA FISIOTERAPIA.
GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS: Fisioterapeuta especialista em avaliação cinético funcional, fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL/UFRN, Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto – CRA, Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN, autor dos livros: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA, CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA CLÁSSICA ESQUEMATIZADA, Aluno do curso de Direito da UFRN.
COMPLEMENTE O ESTUDO DESTE TEXTO COM O LIVRO:
GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS: Fisioterapeuta especialista em avaliação cinético funcional, fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL/UFRN, Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto – CRA, Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN, autor dos livros: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA, CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA CLÁSSICA ESQUEMATIZADA, Aluno do curso de Direito da UFRN.
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