Critical Illness Polyneuropathy Syndrome - SPPC
Os estudos
voltados à perda de força muscular e redução dos reflexos motores (superficiais
e profundos), tiveram início nos anos 80 do século passado. Os testes clínicos
e complementares apontavam para disfunções de origem axonal, agudas de predomínio
motor e de prognóstico reservado. Atribuiu-se, pois, a este grupo de sinais, o
nome: Síndrome da Polineuropatia do Paciente Crítico (SPPC).
O tempo prolongado
de permanência na UTI constitui o principal fato causador do declínio funcional
dos pacientes com a SPPC. Dentre os fatores relacionados a este declínio estão:
a imobilização prolongada no leito e o uso prolongado de sedativos e
bloqueadores musculares.
Durante a imobilização prolongada, as fibras
musculares, sobretudo as do tipo 2, sofrem importante atrofia, por tornarem-se
inativas. Este evento por tempo prolongado pode causar inclusive áreas de
necrose muscular.
A sedação
prolongada diminui as respostas dos testes neurológicos e pode aumentar o tempo
de ventilação. E o uso de bloqueios musculares (curarização), torna os músculos
cada vez mais vulneráveis aos efeitos de outras medicações (sobretudo
corticosteróides).
Os termos
polineuropatia e miopatia são habitualmente utilizados com sinonímia, porém,
algumas diferençasclínicas e diagnósticas podem constituir um requisito para
sua classificação independente:
Miopatia é a designação
genérica das afecções e doenças musculares em que as fibras musculares não
funcionam em muitas vezes, o que resulta em fraqueza muscular; Cãibras
musculares; rigidez; espasmo; tetania e o "manobrismo do levantar". Seu
diagnóstico é baseado na clínica; dosagem de enzimas musculares e exame do DNA.
Quando o exame do DNA não detecta as deleções dos genes realiza-se então a
biopsia de músculo com estudo da distrofina por meio de métodos
imunoistoquímicos.
São inúmeros os
tipos de miopatias, representados por diversos CIDs10: (M33.0) Miopatias
Inflamatórias Adquiridas(Polimiosite, Dermatomiosite e Miosite por corpúsculos
de inclusão); (G71.0) Distrofia muscular (Distrofia muscular benigna – Becker; Distrofia
muscular escápulo-peronial benigna com contraturas precoces - Emery-Dreifuss; Distrofia
muscular distal; Distrofia facio-escápulo-umeral; Distrofia muscular cinturas
escapular e pélvica; Distrofia muscular ocular; Distrofia muscular
óculo-faríngea; Distrofia muscular escápulo-peronial; e Distrofia muscular
grave - Duchenne); (G71.1) Transtornos miotônicos (Distrofia miotônica – Steinert;
Miotonia condrodistrófica induzida por drogas; Miotonia sintomática; Miotonia
congênita SOE; Miotonia congênita dominante – thomsen; Miotonia congênita
recessiva – Becker; Neuromiotonia – Isaacs; Paramiotonia congênita; Pseudomiotonia;
Síndrome de Schwartz-Jampel); (G71.2) Miopatias congênitas(Doença da parte
central; Distrofia muscular congênita SOE; Miopatia miotubular – centronuclear;
Desproporção dos tipos de fibras; Doença do tipo “minicore”; Doença do tipo
“multicore”; Distrofia muscular congênita com anormalidades morfológicas
específicas das fibras musculares; Miopatia nemalínica); (G71.3) Miopatia
mitocondrial não classificada em outra parte; (G72) Outras miopatias; (G72.0)
Miopatia induzida por drogas; (G72.1) Miopatia alcoólica; (G72.2) Miopatia
devida a outros agentes tóxicos; (G73.4) Miopatia em doenças infecciosas e
parasitárias classificadas em outra parte; (G73.5) Miopatia em doenças
endócrinas; (G73.6) Miopatia em doenças metabólicas; (G73.7) Miopatia em outras
doenças classificadas em outra parte.
As polineuropatias,
por corolário, são distúrbios neurológicos que ocorrem quando simultaneamente
muitos nervos periféricos por todo o corpo começam a não funcionar
corretamente. Podem ser agudas ou crônicas. Motoras, sensoriais, autonômicas ou
mistas. Sua apresentação é geralmente simétrica e freqüentemente envolvem as
extremidades distais. E seu diagnóstico é fechado basicamente pela eletromiografia.
Podem ser
classificadas em metabólicas alcoólicas, por uso de medicamentos, infecciosas,
auto-imunes, etc. Representadas pelo CID-10 (G61)
É importante
que o fisioterapeuta avalie diariamente a força e/ou a qualidade muscular de
seus pacientes, a fim de identificar precocemente possíveis instalações da SPPC
e dessa forma, poder tomar as medidas profiláticas necessárias.
Algumas estratégias
podem ser elencadas para a prevenção da SPPC, dentre as quais destacamos:
instituição de protocolos de descontinuidade de sedação; e a mudança cultural
das equipes de fisioterapia intensiva, que limitam suas condutas aos
procedimentos respiratórios, para um novo tipo de abordagem, incluindo as
intervenções funcionais, de mobilidade, alinhamento articular, posicionamentos
adequados, etc.
GLEIDSON FRANCIEL RIBEIRO DE MEDEIROS: Fisioterapeuta especialista em avaliação cinético funcional, fisioterapeuta do Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL/UFRN, Fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Adulto – CRA, Preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde do HUOL/UFRN, autor do livro: GUIA ILUSTRADO DE CINESIOTERAPIA NEUROLÓGICA BÁSICA, Aluno do curso de Direito da UFRN.